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Mariani Ricarte

O lego como uma estratégia para o ensino de química.

Olá pessoal, tudo bem?

Conforme feito em sala, vocês leram a primeira e a segunda carta do capitulo V do mundo de Sofia, e fizeram a atividade com os legos.

Agora é a hora de vocês elaborarem um texto com no mínimo 10 linhas em que as questões abaixo sejam respondidas. Para isso utilize como apoio as cartas de Sofia, e todo o material das discussões que fizemos em sala com vocês. O texto deverá ser entregue no início da próxima aula.

“Por que o Lego é o brinquedo mais genial do mundo?” e Será que a lógica do brinquedo Lego poderia contribuir para o entendimento de alguns conceitos de química?

Leitura do texto 1: "O brinquedo mais genial do mundo..." Primeira carta do capítulo V do livro O mundo de Sofia.

[...] Sofia decidiu tomar muita atenção no dia seguinte. Era sexta-feira, e teria todo o fim-de-semana à sua frente.

Foi então para o seu quarto e abriu o envelope. Nesse dia, havia apenas uma pergunta na folha, mas em compensação esta pergunta era ainda mais absurda do que as três contidas na “carta de amor”:

-“Porque é que as peças do Lego são o brinquedo mais genial do mundo?”

Sofia não estava muito convencida de que achava as peças do Lego o brinquedo mais genial do mundo; de qualquer modo, já não brincava com elas há muitos anos.

Além disso, não conseguia compreender o que é que as peças do Lego teriam a ver com filosofia.

Mas era uma aluna obediente. Remexeu na prateleira mais alta do seu armário e encontrou por fim um saco de plástico com peças de Lego de variadíssimos tamanhos e formas.

Há muito tempo que não construía nada com as pequenas peças de plástico. Começou, então, a fazê-lo. À medida que o fazia, começou a pensar acerca das peças do Lego.

É fácil construir com o Lego, pensou. Apesar de as peças serem de tamanho e forma diferentes, todas podem ser montadas umas sobre as outras.

Além disso, não se estragam facilmente. Sofia não se conseguia lembrar de ter alguma vez visto uma peça partida. Todas pareciam estar ainda tão novas e frescas como quando as recebera há muitos anos. E, além disso, com as peças do Lego podia construir tudo. Depois, podia desencaixar as peças e construir algo completamente diferente.

-Que mais se podia exigir?

Sofia verificou que as peças do Lego podiam, realmente, ser consideradas o brinquedo mais genial do mundo [...].

Leitura do texto 2: Segunda carta do capítulo V do livro O mundo de Sofia.

Que bom poder falar com você novamente, Sofia! Hoje vou lhe contar sobre o último grande filósofo da natureza. Ele se chamava Demócrito (c. 460-370 a.C.) e era natural da cidade portuária de Abdera, na costa norte do mar Egeu. Se você conseguiu responder à pergunta sobre as peças de Lego, certamente não terá dificuldade para entender o projeto deste filósofo.

Demócrito concordava com seus antecessores num ponto: as transformações que se podiam observar na natureza não significavam que algo realmente “se transformava”. Ele presumiu, então, que todas as coisas eram constituídas por uma infinidade de pedrinhas minúsculas, invisíveis, cada uma delas sendo eterna e imutável. A estas unidades mínimas Demócrito de o nome de átomos.

A palavra “átomo” significa “indivisível”. Para Demócrito era muito importante estabelecer que as unidades constituintes de todas as coisas não podiam ser divididas em unidades ainda menores, a natureza acabaria por se diluir totalmente. Como uma sopa que vai ficando cada vez mais rala.

Além disso, as “pedrinhas” constituintes da natureza tinham que ser eternas, pois nada pode surgir do nada. Neste ponto, Demócrito concordava com Parmênides e com os eleatas. Para ele, os átomos eram unidades firmes e sólidas. Só não podiam ser iguais, pois se todo os átomos fossem iguais não haveria explicação para o fato de eles se combinarem para formar de papoulas a oliveiras, do pelo de um bode ao cabelo humano.

Demócrito achava que existia na natureza uma infinidade de átomos diferentes: alguns arredondados e lisos, outros irregulares e retorcidos. E precisamente porque suas formas eram tão irregulares é que eles podiam ser combinados para dar origem a corpos os mais diversos. Independentemente, porém, do número de átomos e de sua diversidade, todos eles seriam eternos, imutáveis e indivisíveis.

Se um corpo – por exemplo, de uma árvore ou de um animal – morre e se decompõe, seus átomos se espalham e podem ser reaproveitados para dar origem a outros corpos. Pois se é verdade que os átomos se movimentam no espaço, também é verdade que eles possuem diferentes “ganchos” e “engates” e podem ser novamente reaproveitados na composição de outras coisas que vemos ao nosso redor.

E agora acho que você não tem mais dúvida sobre o que eu queria dizer com as peças de Lego, não é? Elas possuem aproximadamente todas as características que Demócrito descreveu para os átomos. E é exatamente por isso que se prestam tão bem à construção de qualquer coisa. Em primeiro lugar, são indivisíveis. Em segundo, diferem entre si na forma e no tamanho, são compactas e impermeáveis. Além disso, as peças de Lego possuem ganchos e engates, por assim dizer, o que permite que sejam combinadas na construção de todo tipo de figura. Tais ligações podem ser desfeitas para que as mesmas peças possam ser reaproveitadas na construção de novos objetos.

Justamente por possibilitarem seu reaproveitamento é que as peças de Lego se tornaram tão populares. A mesma peça de Lego pode servir hoje para a construção de um carro, amanhã para um castelo. Ainda por cima, podemos dizer que são “eternas”. As crianças de hoje podem brincar com as mesmas peças que fizeram a diversão de seus pais quando eles ainda eram crianças.

É claro que também podemos construir objetos de barro. Mas o barro nem sempre pode ser reaproveitado, pois se desfaz em partes cada vez menores, até se reduzir a pó. E estas minúsculas partículas de argila não podem ser reunidas para formar novos objetos.

Hoje em dia podemos dizer que a teoria atômica de Demócrito estava quase perfeita. De fato, a natureza é composta de diferentes átomos, que se ligam a outros para depois se separarem novamente. Um átomo de hidrogênio presente numa célula da pontinha do meu nariz pode ter pertencido um dia a tromba de um elefante. Um átomo de carbono que está hoje no músculo do meu coração provavelmente esteve um dia na cauda de um dinossauro. Que bom poder falar com você novamente, Sofia! Hoje vou lhe contar sobre o último grande filósofo da natureza. Ele se chamava Demócrito (c. 460-370 a.C.) e era natural da cidade portuária de Abdera, na costa norte do mar Egeu.

Se você conseguiu responder à pergunta sobre as peças de Lego, certamente não terá dificuldade para entender o projeto deste filósofo.Demócrito concordava com seus antecessores num ponto: as transformações que se podiam observar na natureza não significavam que algo realmente “se transformava”. Ele presumiu, então, que todas as coisas eram constituídas por uma infinidade de pedrinhas minúsculas, invisíveis, cada uma delas sendo eterna e imutável. A estas unidades mínimas Demócrito de o nome de átomos.A palavra “átomo” significa “indivisível”. Para Demócrito era muito importante estabelecer que as unidades constituintes de todas as coisas não podiam ser divididas em unidades ainda menores, a natureza acabaria por se diluir totalmente. Como uma sopa que vai ficando cada vez mais rala.Além disso, as “pedrinhas” constituintes da natureza tinham que ser eternas, pois nada pode surgir do nada. Neste ponto, Demócrito concordava com Parmênides e com os eleatas. Para ele, os átomos eram unidades firmes e sólidas. Só não podiam ser iguais, pois se todo os átomos fossem iguais não haveria explicação para o fato de eles se combinarem para formar de papoulas a oliveiras, do pelo de um bode ao cabelo humano.

Demócrito achava que existia na natureza uma infinidade de átomos diferentes: alguns arredondados e lisos, outros irregulares e retorcidos. E precisamente porque suas formas eram tão irregulares é que eles podiam ser combinados para dar origem a corpos os mais diversos. Independentemente, porém, do número de átomos e de sua diversidade, todos eles seriam eternos, imutáveis e indivisíveis. Se um corpo – por exemplo, de uma árvore ou de um animal – morre e se decompõe, seus átomos se espalham e podem ser reaproveitados para dar origem a outros corpos. Pois se é verdade que os átomos se movimentam no espaço, também é verdade que eles possuem diferentes “ganchos” e “engates” e podem ser novamente reaproveitados na composição de outras coisas que vemos ao nosso redor.E agora acho que você não tem mais dúvida sobre o que eu queria dizer com as peças de Lego, não é? Elas possuem aproximadamente todas as características que Demócrito descreveu para os átomos. E é exatamente por isso que se prestam tão bem à construção de qualquer coisa. Em primeiro lugar, são indivisíveis. Em segundo, diferem entre si na forma e no tamanho, são compactas e impermeáveis. Além disso, as peças de Lego possuem ganchos e engates, por assim dizer, o que permite que sejam combinadas na construção de todo tipo de figura. Tais ligações podem ser desfeitas para que as mesmas peças possam ser reaproveitadas na construção de novos objetos. Justamente por possibilitarem seu reaproveitamento é que as peças de Lego se tornaram tão populares. A mesma peça de Lego pode servir hoje para a construção de um carro, amanhã para um castelo.

Ainda por cima, podemos dizer que são “eternas”. As crianças de hoje podem brincar com as mesmas peças que fizeram a diversão de seus pais quando eles ainda eram crianças. É claro que também podemos construir objetos de barro. Mas o barro nem sempre pode ser reaproveitado, pois se desfaz em partes cada vez menores, até se reduzir a pó. E estas minúsculas partículas de argila não podem ser reunidas para formar novos objetos.Hoje em dia podemos dizer que a teoria atômica de Demócrito estava quase perfeita. De fato, a natureza é composta de diferentes átomos, que se ligam a outros para depois se separarem novamente. Um átomo de hidrogênio presente numa célula da pontinha do meu nariz pode ter pertencido um dia a tromba de um elefante. Um átomo de carbono que está hoje no músculo do meu coração provavelmente esteve um dia na cauda de um dinossauro.

GAARDER, Joestein. O Mundo de Sofia, São Paulo, Companhia das Letras, 1995, p. 56-58.

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